Representantes de hospitais e comércio local reuniram-se para mobilização
Com o objetivo de traçar uma estratégia para conter o avanço da Covid-19 em Curitiba e região, representantes dos hospitais, estabelecimentos de saúde, operadoras de planos de saúde, e o comércio da capital, realizaram uma reunião on-line, na sexta-feira (19), com a secretária municipal de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak.
Os participantes reforçaram o apoio às determinações de isolamento emitidas pela prefeitura e pelo governo estadual e anunciaram a proximidade de um colapso, além do temor de o sistema não dar conta da demanda, caso a população não respeite as normas estabelecidas, principalmente o isolamento social.
“É uma situação muito difícil para nós. Temos que tomar decisões todos os dias para tentar proteger a sociedade porque só a abertura de leitos não vai funcionar”, explicou a secretária municipal de saúde, referindo-se à possibilidade de a rede pública de saúde ter de buscar mais leitos na rede privada para atender uma demanda que cresce exponencialmente.
Desde o início da pandemia, em 11 de março, 2.543 casos de novo coronavírus já foram confirmados e 97 pessoas morreram vítimas da Covid 19 em Curitiba. Os dados são da última quinta-feira (19), quando a taxa de ocupação de UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) para Covid-19 estava em 75%, com 223 leitos ativados. Nesta quarta-feira, os hospitais públicos e privados já estimavam ocupação entre 85% e 100% das UTIs em geral, sem distinção entre Covid e outras internações, pois há hospitais que não têm UTIs específicas.
Conscientização e hospital de campanha para evitar o caos
Os representantes dos hospitais e as operadoras concordam que mesmo colocando mais leitos à disposição da rede pública, isso não será suficiente se a propagação do vírus não for contida. Por isso, todos fizeram um apelo para que a população se conscientize reforçando o isolamento social, as medidas de segurança amplamente divulgadas, como o uso de máscara e a higienização correta das mãos.
“Estamos buscando alternativas para garantir mais estrutura para otimizar a utilização dos leitos disponíveis na rede pública e privada. Avaliamos a possibilidade de um hospital de campanha apenas para as vítimas da Covid 19.” Flaviano Feu Ventorim, presidente do Sindipar.
O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) Camilo Turmina, que participou do encontro virtual, reforçou que a associação é sensível aos problemas econômicos do varejo, mas que o isolamento é necessário nesse momento.
O presidente da Unimed Curitiba Rached Traya pede um “salto de ousadia” das autoridades para que a rede de saúde possa se preparar para o aumento da demanda que vai acontecer inevitavelmente, com a chegada de novos casos aos hospitais. Ele elogia as ações de contenção ao vírus desde que a pandemia começou, mas diz que é preciso reforçar essas medidas antes que o caos se instale.
Atualmente, Curitiba tem 5.730 leitos gerais disponíveis nos hospitais privados (sendo que 3.588 são associados do Sindipar, Femipa, Ahopar e Fehopar) e 927 UTIs (sendo que 618 são associados das entidades). Dos leitos associados, a ocupação média de UTIs já está entre 85% e 95%, com pacientes de Covid-19 e de outras doenças.