Crianças são agentes multiplicadores e podem ajudar na conscientização das famílias
No Dia Mundial de Luta Contra o Tabaco (31), especialistas do Hospital Erasto Gaertner defendem que a prevenção comece dentro das escolas, já na educação infantil. "A chave para a prevenção está na educação das crianças e o melhor local para isso é a escola, além , é claro, da educação recebida em casa e exemplo dos pais. Crianças e adolescentes servem como agentes multiplicadores, pois a partir de informações recebidas, repassam todo o aprendizado aos pais, familiares e amigos", afirma a oncologista Paola Pedruzzi, do Serviço de Cabeça e Pescoço.
Dados do Registro Hospitalar de Câncer do HEG apontam que entre 2010 e 2014, o histórico de consumo de tabaco esteve presente em 22,9% dos relatos dos pacientes que iniciaram o tratamento no hospital. Nos casos de câncer de pulmão registrados, aproximadamente 70% dos pacientes referiram hábito de fumar atual ou previamente.
O fumo é a principal causa evitável de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). É ainda o maior causador de câncer de pulmão, de diversos outros tumores e de doenças pulmonares, cerebrais e cardiovasculares. Entre as crianças, existem algumas particularidades nos efeitos nocivos do tabaco. Estudos apontam que crianças de 3 a 11 anos normalmente são mais expostas ao fumo passivo do que os adultos. Uma pesquisa feita pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, mostra que, enquanto apenas 5,4% dos adultos não fumantes vivem com alguém que fuma dentro de suas casas, 18,2% das crianças (entre 3 e 11 anos) são expostas ao tabaco em seus lares. No Brasil, cerca de 40% das crianças estão expostas ao fumo passivo em casa e 31% das mortes atribuídas tabagismo passivo ocorre justamente entre pacientes infantis, que incluem os óbitos por prematuridade e malformações fetais.
O fumo passivo pode provocar em crianças: infecções de ouvido, ataques de asma mais frequentes e graves, problemas respiratórios, incluindo tosse, espirros e falta de ar, infecções respiratórias, incluindo bronquite e pneumonia, risco aumentado de síndrome da morte súbita infantil (SIDS), entre outros problemas.
"É fundamental reforçar as medidas educacionais e de promoção à saúde nas escolas. Alguns conselhos simples que podem ser aplicados dentro de casa consistem em educar os filhos pelas nossas próprias e boas escolhas, ensinar as crianças a ficarem longe de fumantes e evitarem o fumo passivo, incentivar os adolescentes a não fumarem, fazer com que amigos e familiares respeitem a decisão de não fumar dentro de casa ou próximo dos nossos filhos, e mostrar com frequência os males que o cigarro causa no nosso organismo", orienta a oncologista.